Uma das inquieta\u00e7\u00f5es que marcou fortemente a a\u00e7\u00e3o de Jesus foi a multid\u00e3o. Ele tem pena porque v\u00ea todas aquelas pessoas abatidas como ovelhas sem pastor. Hoje deparamo-nos com a situa\u00e7\u00e3o dos homens do nosso mundo que vivem nas margens e nas periferias. Tamb\u00e9m eles s\u00e3o desprezados como ovelhas sem pastor e perdem toda a esperan\u00e7a de encontrar melhorias para a sua pr\u00f3pria realidade. Muitos dos exclu\u00eddos do usufruto dos bens est\u00e3o convencidos de que nada pode mudar o seu destino e que vieram ao mundo apenas para acompanhar os outros. Esta resigna\u00e7\u00e3o ao sofrimento expressa a amargura que sentem nos seus cora\u00e7\u00f5es e pode dar origem a pensamentos pessimistas e violentos.<\/p>\n

A multid\u00e3o da qual Jesus sente compaix\u00e3o, vive exilada no seu pa\u00eds, estranha a si mesma [cf. Bento XVI, Homilia no Est\u00e1dio Ahmadou Ahidjo de Yaound\u00e9, a 19 de Mar\u00e7o de 2008]; como um condenado \u00e0 morte que espera a execu\u00e7\u00e3o (Blaise Pascal), como um cordeiro levado ao matadouro (Is 53,7). Outros s\u00e3o como ovelhas no meio de lobos (Mt 10,16) e experimentam apenas a f\u00faria e o rosto rude dos seus verdugos. H\u00e1 crian\u00e7as abusadas por adultos, e idosos espalhados nos cantos das ruas como bandeiras de mis\u00e9ria e de luto [cf. Emile Zola, Germinal<\/em>, Livro IV, cap\u00edtulo 7]. Jesus identifica-se com eles, tendo Ele pr\u00f3prio experimentado o sofrimento no Gets\u00eamani e no G\u00f3lgota. Jesus n\u00e3o se limita a ter compaix\u00e3o, mas partilha os seus sofrimentos, carregando-os sobre si. Jesus coloca aos ombros a ovelha perdida (Lc 15,7; Ez 34,12), cuida a que est\u00e1 ferida (Ez 34,16). Nesta perspectiva escreve assim o Padre Dehon:<\/p>\n

\u201cO Cora\u00e7\u00e3o de Jesus transborda de ternura e de compaix\u00e3o por todos os que sofrem, por todos os que penam, por todos os que t\u00eam fome, por todos os que est\u00e3o doentes. \u00c9 um cora\u00e7\u00e3o de pai, um cora\u00e7\u00e3o de m\u00e3e, um cora\u00e7\u00e3o de pastor. Jesus \u00e9 o nosso pai como Deus, como Salvador, mas \u00e9-o tamb\u00e9m como Pont\u00edfice, como padre. \u00c9 nosso pastor, \u00e9 o Bom Pastor por excel\u00eancia. \u00c9 o seu cora\u00e7\u00e3o de padre que sofre quando n\u00f3s sofremos. Mais do que S. Paulo, pode dizer: \u00abQuem de v\u00f3s est\u00e1 a sofrer sem que eu n\u00e3o esteja tamb\u00e9m?\u00bb (2Cor 11,29)\u201d <\/em>[Le C\u0153ur sacerdotal de J\u00e9sus, <\/em>CSJ 126].<\/em><\/p>\n

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\u201cEstive na pris\u00e3o\u201d (Mt 25,36.43)<\/strong><\/p>\n

Jesus tamb\u00e9m identifica-se com os prisioneiros. Durante a sua paix\u00e3o Jesus sofreu a sorte reservada aos prisioneiros. Acusado, conduzido perante o Sin\u00e9drio (Lc 22,66-71), Pilatos e Herodes (Lc 23,1-12), \u00e9 julgado, condenado \u00e0 morte e pregado na cruz como um comum malfeitor.<\/p>\n

Experimentou o sofrimento do prisioneiro: a priva\u00e7\u00e3o da liberdade, as bofetadas, os insultos, a zombaria, as humilha\u00e7\u00f5es de todo o tipo, a trai\u00e7\u00e3o e o abandono, a indiferen\u00e7a das pessoas a quem fez o bem, curando alguns, defendendo outros da opress\u00e3o dos homens ou das for\u00e7as do mal:<\/p>\n

\u201cPara que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isa\u00edas: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores\u201d (Mt 8,17).<\/em><\/p>\n

Cristo sofreu por n\u00f3s, como um prisioneiro. Gra\u00e7as a Ele, beneficiamo-nos da gra\u00e7a de Deus, que \u00e9 como uma anistia ou clem\u00eancia que um rei concede aos seus s\u00faditos [cf. Mgr Albert Ndongmo, Le Salut de Dieu selon Saint Paul<\/em>, Editions Paulines, Montr\u00e9al, 1978, p. 103]. Tamb\u00e9m \u00e9 verdade que os pobres s\u00e3o sacramento do pecado do mundo, da injusti\u00e7a que reina na terra e, na atitude para com eles, avaliamos a nossa capacidade de viver no mundo como corpo de Cristo. De fato, quando vemos uma pessoa oprimida, devemos saber interpretar essa situa\u00e7\u00e3o como fruto da injusti\u00e7a pela qual n\u00f3s tamb\u00e9m somos respons\u00e1veis. A partir desta tomada de consci\u00eancia, surgir\u00e1, ent\u00e3o, a vontade de nos tornarmos mais pr\u00f3ximos daqueles que sofrem e, assim, lutarmos contra aquilo que os angustia. Depois de termos lutado para eliminar a mis\u00e9ria, e at\u00e9 mesmo durante o tempo em que estamos a lutar, o prisioneiro torna-se j\u00e1 para n\u00f3s sacramento de Cristo, mesmo que s\u00f3 fa\u00e7amos essa descoberta no fim dos tempos.<\/p>\n

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\u201cJesus come\u00e7ou a chorar\u201d (Jo 11,35)<\/strong><\/p>\n

Apesar de tanto sofrimento, em Jesus encontramos um cora\u00e7\u00e3o misericordioso, que se interessa pela mis\u00e9ria dos homens. N\u00e3o \u00e9 indiferente, mas \u00e9 compassivo. Avalia o peso dos sofrimentos que suportam e compreende o seu desespero.<\/p>\n

Ao assumir a condi\u00e7\u00e3o humana, assumiu toda a sua mis\u00e9ria, \u201ctornando-se obediente at\u00e9 \u00e0 morte e morte de cruz\u201d (Fl 2,8). Ao aceitar a paix\u00e3o e a morte, Jesus tornou-se solid\u00e1rio com a humanidade sofredora. \u00c9 o seu cora\u00e7\u00e3o, que ao transbordar de amor, conduz a esta aceita\u00e7\u00e3o. Jesus n\u00e3o \u00e9 apenas compassivo, mas quer tamb\u00e9m curar os sofrimentos do homem. Continua a dizer \u00e0s pessoas que s\u00e3o v\u00edtimas da exclus\u00e3o, da mis\u00e9ria e do futuro sombrio:<\/p>\n

\u201cVinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre v\u00f3s o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de cora\u00e7\u00e3o e encontrareis descanso para o vosso esp\u00edrito. Pois o meu jugo \u00e9 suave e o meu fardo \u00e9 leve\u201d <\/em>(Mt 11,28-30).<\/p>\n

O jugo alivia o peso porque promove a uni\u00e3o das for\u00e7as e a partilha da dor. Jesus convida aqueles que sofrem a tomar o seu jugo, porque Ele quer ser solid\u00e1rio com os que sofrem, ajudando-os a carregar os seus fardos. O seu jugo \u00e9 humildade e do\u00e7ura de cora\u00e7\u00e3o. Ser humilde significa carregar um jugo que crucifica o orgulho, o ego\u00edsmo, a busca de prazeres excessivos que degradam o homem.<\/p>\n

\u00c9 com do\u00e7ura que Cristo abre os cora\u00e7\u00f5es endurecidos pelo pecado. E demonstrou-o com a mulher Samaritana presa a preconceitos tribais, culturais e religiosos (Jo 4,5-30), com Marta mergulhada na agita\u00e7\u00e3o, acusando a sua irm\u00e3 Maria de indiferen\u00e7a (Lc 10,38-42), com o doutor<\/p>\n

da lei que queria mostrar que sabia (Lc 10,25-37), com Zaqueu empedernido no pecado (Lc 19,1-10), com a mulher ad\u00faltera que j\u00e1 n\u00e3o esperava libertar-se das garras dos seus acusadores (Jo 8,1-11)\u2026 Estes textos mostram-nos que o cora\u00e7\u00e3o de Jesus \u00e9 o verdadeiro ref\u00fagio dos pecadores e dos desprezados.<\/p>\n

Todos os destinat\u00e1rios deste acolhimento tomam op\u00e7\u00f5es que conduzem a uma convers\u00e3o radical. A samaritana torna-se mission\u00e1ria de Cristo junto do seu povo, ap\u00f3s rejeitar os preconceitos tribais, culturais e cultuais que endureciam o seu cora\u00e7\u00e3o e a tornavam relutante ao di\u00e1logo com Cristo. Maria encontra a paz de cora\u00e7\u00e3o quando o Senhor a protege da agita\u00e7\u00e3o da sua irm\u00e3 Marta. O doutor da lei, enquanto ouve a hist\u00f3ria do Bom Samaritano, beneficia-se do encorajamento e do conselho de Cristo que o convida a ter sempre um cora\u00e7\u00e3o aberto a todos os necessitados, seja qual for a sua condi\u00e7\u00e3o e a sua perten\u00e7a tribal. Zaqueu \u00e9 aquele que mais se beneficia dos dons do Cora\u00e7\u00e3o de Cristo e mostra que aquele a quem mais se perdoa, mais se<\/p>\n

abre aos outros (Lc 7,43).<\/p>\n

O encontro com quem est\u00e1 em dificuldade permite descobrir a for\u00e7a da intimidade. A consola\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 uma quest\u00e3o de quantidade, mas experimenta-se na proximidade. Necessita de discri\u00e7\u00e3o, de proximidade afetiva e coloquial. Proximidade alegremente partilhada com todas as realidades profundas e indefesas do homem. A intimidade \u00e9 o lugar, material e espiritual, que \u00e9 espontaneamente procurado no momento do regresso ap\u00f3s longas dist\u00e2ncias e separa\u00e7\u00f5es. \u00c9 o tempo em que fazemos regressar a dimens\u00e3o humana das rela\u00e7\u00f5es com os nossos semelhantes.<\/p>\n

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\u201cSempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer\u201d (Mt 25,45)<\/strong><\/p>\n

Se \u00e9 assim t\u00e3o importante a rela\u00e7\u00e3o de intimidade com quem vive na dor, como nos demonstram as a\u00e7\u00f5es de Jesus Cristo, n\u00e3o podemos, ent\u00e3o, permanecer indiferentes \u00e0 mis\u00e9ria dos pequenos, dos pobres e dos marginalizados do nosso tempo. O Vaticano II convida os crist\u00e3os e toda a Igreja a seguir o exemplo:<\/p>\n

\u201cAs alegrias e as esperan\u00e7as, as tristezas e as ang\u00fastias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, s\u00e3o tamb\u00e9m as alegrias e as esperan\u00e7as, as tristezas e as ang\u00fastias dos disc\u00edpulos de Cristo; e n\u00e3o h\u00e1 realidade alguma verdadeiramente humana que n\u00e3o encontre eco no seu cora\u00e7\u00e3o\u2026 Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao g\u00eanero humano e \u00e0 sua hist\u00f3ria\u201d <\/em>[Gaudium et Spes<\/em>, 1].<\/p>\n

Para sermos solid\u00e1rios com os homens, devemos seguir a mesma l\u00f3gica de Cristo, isto \u00e9, saber renunciar aos nossos privil\u00e9gios, tornando-nos pobres com os pobres. Devemos chegar \u00e0s periferias e n\u00e3o apenas falar de pobreza. \u00c9 nesta perspectiva que n\u00e3o devemos ter medo de avan\u00e7ar para as margens e as periferias, para os lugares onde os homens sofrem: pris\u00f5es, hospitais, cat\u00e1strofes, barracas\u2026 O trabalho n\u00e3o \u00e9 feito apenas de compaix\u00e3o, mas tamb\u00e9m de presen\u00e7a nos lugares onde se tomam as decis\u00f5es, a fim de fazer ressoar a voz de Cristo em favor dos marginalizados, mesmo que muitas vezes seja sufocada. Padre Dehon lembra-nos que, antes de cada a\u00e7\u00e3o, h\u00e1 uma vida que se doa:<\/p>\n

\u201cApraz \u00e0 bondade do nosso Deus multiplicar na sua Igreja, as almas sacerdotais que, todas animadas e vivendo das disposi\u00e7\u00f5es do Cora\u00e7\u00e3o de Jesus, Ap\u00f3stolo e Pont\u00edfice, sejam ap\u00f3stolos primeiro pela ora\u00e7\u00e3o, pela imola\u00e7\u00e3o interior, pelos ardores abrasadores do amor de condol\u00eancia, e depois (somente depois) pelas obras exteriores do zelo! Sem este fogo interior, toda a atividade do zelo nada mais seria do que fumo (P. Giraud)\u201d <\/em>[Le C\u0153ur sacerdotal de J\u00e9sus, <\/em>CSJ 210].<\/em><\/p>\n

A pedagogia para a liberta\u00e7\u00e3o dos pobres exige que abandonemos os imperativos categ\u00f3ricos e as bonitas teorias produzidas em laborat\u00f3rio. A verdade deve ser dita aos pobres e aos que concebem e promovem a mis\u00e9ria para que libertem os marginalizados das periferias.<\/p>\n

O considerar-se h\u00f3spede do humano que nos habita, h\u00f3spede e n\u00e3o senhor, ajuda-nos a cuidar do humano que existe em n\u00f3s e nos outros. Podemos sair da indiferen\u00e7a e da rejei\u00e7\u00e3o da compaix\u00e3o que s\u00f3 nos pode conduzir ao compromisso com o outro nas suas necessidades. O pobre, cuja humanidade \u00e9 humilhada pelo peso da priva\u00e7\u00e3o, do desinteresse e da desconfian\u00e7a, come\u00e7a a ser bem-vindo quando eu come\u00e7o a escutar\u00a0 a sentir como minhas a sua humilha\u00e7\u00e3o e a sua vergonha.<\/p>\n

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Como filhos do Padre Dehon, n\u00e3o devemos ser indiferentes \u00e0s pessoas de \u201ccora\u00e7\u00e3o ferido\u201d<\/strong><\/p>\n

[<\/strong>Incluindo aqueles e aquelas que hoje se chamam \u00abos novos feridos\u00bb (cf. Cath\u00e9rine Malabou, Les nouveaux bless\u00e9s : De Freud \u00e0 la neurologie, penser les traumatismes<\/em>, PUF, Paris, 2007). Para n\u00f3s ser\u00e1 importante n\u00e3o apenas pensar, mas tamb\u00e9m cuidar deles]<\/strong><\/p>\n

Para assumir plenamente o ser humano, precisamos beber do \u201ccora\u00e7\u00e3o ferido\u201d de Cristo para unirmo-nos ao homem com o cora\u00e7\u00e3o ferido e contribuir para aliviar o seu jugo; por outras palavras: dar-lhe al\u00edvio.<\/p>\n

Como podemos notar nas Constitui\u00e7\u00f5es, a nossa espiritualidade tem dois conceitos que nos levam a seguir Cristo para aliviar o sofrimento dos aflitos: amor e repara\u00e7\u00e3o:<\/p>\n

\u201cO Padre Dehon espera que os seus religiosos sejam profetas do amor e servidores da reconcilia\u00e7\u00e3o dos homens e do mundo em Cristo (cf. 2Cor 5,18). Assim comprometidos com Ele, para reparar o pecado e a falta de amor na Igreja e no mundo, prestar\u00e3o, com toda a sua vida, com as ora\u00e7\u00f5es, trabalhos, sofrimentos e alegrias, o culto de amor e de repara\u00e7\u00e3o que o seu Cora\u00e7\u00e3o deseja (cf. NQT XXV, 5)\u201d <\/em>[Regra de Vida, 7<\/em>].<\/p>\n

O drama do Calv\u00e1rio explica-se \u00e0 luz do Cora\u00e7\u00e3o trespassado do Redentor. O ato da transfix\u00e3o do Cora\u00e7\u00e3o de Cristo para comprovar a certeza de sua morte, foi tamb\u00e9m o gesto final pelo qual a humanidade rejeitou a salva\u00e7\u00e3o que nos foi oferecida pelo Filho de Deus encarnado.<\/p>\n

Deus, por sua vez, transformou este gesto de obstina\u00e7\u00e3o em canal de gra\u00e7a para redimir, em modo sacerdotal, no Cora\u00e7\u00e3o de Cristo, a humanidade inteira. A repara\u00e7\u00e3o ao Cora\u00e7\u00e3o de Jesus deve primeiro ser imbu\u00edda do mist\u00e9rio do livre amor do Pai, que em Cristo reconciliou o mundo. O seu amor era reparador, isto \u00e9, feito a Deus em nome de uma humanidade que n\u00e3o podia faz\u00ea-lo, para poder, por sua vez, regressar \u00e0 comunh\u00e3o com o Pai e com os irm\u00e3os.<\/p>\n

\u00c9 nesta perspectiva que podemos compreender a voca\u00e7\u00e3o reparadora. Reparar \u00e9 contribuir para estabelecer o reino da justi\u00e7a e da caridade crist\u00e3 [cf. Regra de Vida<\/em>, 32] no mundo, \u00e9 determinar, de acordo com o tempo e o lugar, os compromissos concretos que, na Igreja local, correspondem a estas orienta\u00e7\u00f5es apost\u00f3licas [cf. Ibidem<\/em>].<\/p>\n

Reparar \u00e9 procurar com as Igrejas locais as modalidades de nossa inser\u00e7\u00e3o na miss\u00e3o eclesial que nos permite expandir as riquezas da nossa voca\u00e7\u00e3o [Regra de Vida<\/em>, 34]. Reparar \u00e9 partilhar o sofrimento do mundo de hoje no seu esfor\u00e7o de liberta\u00e7\u00e3o: liberta\u00e7\u00e3o de tudo o que lesa a dignidade do homem e amea\u00e7a a realiza\u00e7\u00e3o das suas mais profundas aspira\u00e7\u00f5es: a verdade, a justi\u00e7a, o amor, a liberdade [Regra de Vida<\/em>, 36]. H\u00e1 uma disponibilidade que nos torna servos, n\u00e3o na l\u00f3gica da miseric\u00f3rdia, mas na atualidade da miseric\u00f3rdia. Usemos o t\u00edtulo de \u201cbem-aventurados\u201d, tornando-nos pobres, e conquistemos no campo de a\u00e7\u00e3o o t\u00edtulo de \u201caben\u00e7oados\u201d, amando e servindo os pobres.<\/p>\n

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O an\u00fancio do ano do \u201cCora\u00e7\u00e3o ferido\u201d<\/strong><\/p>\n

O tema da consola\u00e7\u00e3o \u00e9 profundamente dehoniano e, para dar consist\u00eancia a este aspecto, come\u00e7amos na Congrega\u00e7\u00e3o, neste dia 14 de Mar\u00e7o de 2018, o ano do \u201cCora\u00e7\u00e3o ferido\u201d, que terminar\u00e1 com a celebra\u00e7\u00e3o da Solenidade do Sagrado Cora\u00e7\u00e3o Jesus, em 2019. Para n\u00f3s, o \u201cCora\u00e7\u00e3o ferido\u201d \u00e9 o \u00edcone do s\u00e9culo XXI que transmite uma mensagem que vai al\u00e9m da palavra. Este s\u00edmbolo \u00e9 capaz de acolher os sentimentos das mulheres e dos homens deste mundo. O \u00edcone do \u201cCora\u00e7\u00e3o ferido\u201d sabe revelar a vida interior e \u00edntima feita de desejos e expectativas, de frustra\u00e7\u00f5es e sofrimentos. Aponta para os sentimentos de muitas pessoas, torna vivas as suas l\u00e1grimas e ang\u00fastias, as suas torturas e sofrimentos at\u00e9 o sangue. Tudo o que est\u00e1 pr\u00f3ximo do homem traz consigo o sinal da ferida.<\/p>\n

\u00c0 volta deste \u00edcone, queremos juntar as iniciativas presentes e as que ser\u00e3o fomentadas nas diferentes Entidades. Queremos promover a criatividade, tanto a n\u00edvel teol\u00f3gico como filos\u00f3fico, para desenvolver compromissos em diversas \u00e1reas, ao n\u00edvel da arte e da m\u00fasica para, com a palavra, dar express\u00e3o ao sofrimento e propor solu\u00e7\u00f5es para reverter as situa\u00e7\u00f5es marcadas pela mis\u00e9ria e colocadas na margens da vida comum.<\/p>\n

\u00c9 um kair\u00f3s<\/em> para n\u00f3s, filhos do Padre Dehon, que no seu testamento espiritual nos diz: \u201cDeixo-vos o mais maravilhoso dos tesouros, o Cora\u00e7\u00e3o de Jesus\u201d; \u201cpara Ele vivo, para Ele morro\u201d. \u00c9, portanto, um tempo favor\u00e1vel para abrir este tesouro e descobrir as in\u00fameras riquezas que encerra para o nosso apostolado e a nossa miss\u00e3o.<\/p>\n

Neste ano, desejamos tornar o \u201cCora\u00e7\u00e3o ferido\u201d de nosso Senhor em ref\u00fagio dos homens subjugados pelo sofrimento, pela injusti\u00e7a e pela exclus\u00e3o. Pessoalmente e em comunidade, somos convidados a inventar, criar e implementar projetos que visam marcar esta preocupa\u00e7\u00e3o no nosso minist\u00e9rio, ora\u00e7\u00f5es e devo\u00e7\u00f5es\u2026 Trata-se de aprimorar o nosso carisma de profetas de amor para dar in\u00edcio a projetos ou criar situa\u00e7\u00f5es que possam eliminar ou aniquilar qualquer<\/p>\n

g\u00e9rmen capaz de gerar exclus\u00f5es. Queremos pensar como podemos ser pessoas de vis\u00e3o, capazes de observar e de ler os sinais dos tempos para fortalecer o nosso carisma de servidores da reconcilia\u00e7\u00e3o para irmos \u00e0s periferias, como Cristo, e lutar ao lado das v\u00edtimas, tendo como armas as obras de miseric\u00f3rdia inspiradas no Cora\u00e7\u00e3o misericordioso do Senhor.<\/p>\n

Caros membros da Fam\u00edlia Dehoniana, vamos nutrir esta nossa compaix\u00e3o no Cora\u00e7\u00e3o de Jesus para tornar poss\u00edvel, urgente e fecundo o nosso amor por cada pessoa ferida.<\/p>\n

P. Heinrich Wilmer, scj (Superior Geral) e o seu Conselho
\n(http:\/\/www.dehon.it\/it\/index.php?option=com_k2&view=item&id=2282:lettera-per-il-14-marzo&Itemid=77).<\/em><\/p>\n<\/section>\n